O tempo voou como quem vira uma página de um livro.
Os sábios dizem que só damos valor quando perdemos, e eu senti isso de uma forma inexplicável.
Já passaram 4 anos? Nem acredito! Para mim parece que foi ontem que recebi aquela terrível notícia.
Naquele dia perdi metade de mim... perdi o meu pilar, perdi a minha companheira, perdi a minha companhia!
Simplesmente perdi-te!
A vida já não tem sentido sem tu estares aqui...
Não posso negar que custou, pois custou e muito, ainda custa e cada vez custa mais a tua ausência na minha vida!
Se pudesse voltar com o tempo para trás voltaria a ficar noites sem dormir, voltava a passar noites ao teu lado, voltava a ir todos os dias aquele hospital visitar-te.
Sinto falta da tua alegria, da tua presença, sinto falta de tudo o que está relacionado contigo...
Neste momento estou aqui sentada no mesmo sítio que deste os teus últimos suspiros!
A última imagem que tenho de ti não é no cenário mais bonitos, mas prefiro guardá-la num cantinho do meu coração, porque apesar de não ser das melhores é a prova que eras mais forte do que julgavam, pois nos teus últimos de vida estavas a lutar contra tudo e contra todos para sobreviver, mas a terrível doença apoderou-se de ti!
Desculpa! Desculpa não ter-te dado o devido valor como merecias, desculpa não te ter ajudado quando me pedias, desculpa não te ir "visitar" mais vezes, mas eu não consigo!
Não consigo porque para mim não faz sentido ir a um sítio onde apenas posso ver uma foto tua numa pedra, onde nada me transmite! Transmite sim, transmite tristeza, essa que carrego todos os dias e escondo com um enorme sorriso!
Para mim estás sempre no meu pensamento, no meu coração!
Se pudesse queria apenas um abraço teu, um beijo teu, queria-te ter aqui comigo, tenho a certeza que as coisas seriam muito mais simples e mais fáceis.
Não te iludas! Não te iludas com as minhas decisões! Não te iludas com as minhas escolhas! Não te iludas com a minha gargalhada! Não te iludas com as minhas palhaçadas! Não te iludas com a minha alegria! Por vezes as coisas não são tão verdadeiras como aparecem! Não te iludas quando eu te der um sorriso, quando eu te fizer sorrir! Por vezes a vida obrigamos a usar uma máscara, e essa máscara chama-se a máscara da felicidade! Não te iludas com o meu olhar, olha-me nos olhos e aí iras perceber como me sinto verdadeiramente!
Por muito que não queira passo segundos a pensar em ti, já te comecei a esquecer, mas queria e quero ser capaz de tudo, de tirar estes "mas" da minha vida, de parar de inventar desculpas, de tudo, quero viver em paz.
Todos dizem que o nosso tempo cá passa a voar, e passa.
Ainda ontem me lembro de quando tinha as minhas barbies e passava tempos infinitos sozinha a brincar com elas, era uma criança tão inocente, tão ingénua.
Hoje em dia tudo parece ter mais valor do que qualquer coisa.
As flores têm um cheiro muito próprio e o cheiro de todas as manhãs é diferente. Tenho saudades de uma excelente e real noite de sono, vai fazer quase uma semana que não consigo dormir em condições e pelos vistos continuam as noites mal passadas.
Simplesmente não entendo, tenho milhões de coisas, e parece que me falta sempre algo... neste momento, quer dizer sempre soube que tinha de te libertar, "mas" o definitivo e duvidoso "mas".
Quero chorar, horas a fio, depois abrir os olhos e de seguida ir sempre em frente. Muitas vezes pergunto-me o que sou e o que estou a fazer, porque às vezes parece que ando a sobreviver em vez de viver.
E o mais incrível é que vou mudar de realidade, vou um dia acordar e viver de um modo diferente, será amanhã? Depois de amanhã?
Não sei, irei fazê-lo quando quiser, quando estiver preparada, porém até lá vou viver o melhor que sei.
NÃO TENHO CERTEZAS, MAS SINTO E SEI QUE ESTOU A CONSEGUIR. Perguntas-me tu o quê? E EU DIGO-TE: VOLTAR A SORRIR!
Antes de julgar, pergunte a si mesmo: e se fosse comigo?
Julgam as palavras, o silêncio, a presença e a ausência. Julgam o que se faz e o que não é feito. Julgam tudo, sem se importarem com os sentimentos de ninguém. Eis o perigo: não se importar.
“(…) É RARO O EXERCÍCIO DE SE COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO (…)”
Já virou lugar-comum falar sobre a urgente necessidade da empatia nos dias atuais. Porém, ainda que muito se discuta sobre isso, é raro o exercício de se colocar no lugar do outro, de tentar sentir as dores alheias, de buscar o entendimento daquilo que não faz parte da própria vida. Esse desprendimento de si mesmo pode ser doloroso, por isso poucos se dispõem a enfrentá-lo.
Muitas pessoas parecem ter muito a esconder ou de que se envergonhar e, para tirar a atenção sobre elas mesmas, vivem apontando supostas falhas alheias, medindo o comportamento de qualquer um com as medidas de uma régua que elas mesmas inventaram. Julgam as roupas, os penteados, as maneiras. Julgam as palavras, o silêncio, a presença e a ausência. Julgam o que se faz e o que não é feito. Julgam tudo, sem se importarem com os sentimentos de ninguém. Eis o perigo: não se importar.
“PORQUE NINGUÉM TEM NADA A VER COM A DOR QUE SÓ VOCÊ E NINGUÉM MAIS SENTIU.”
A melhor maneira de fugirmos a essa prática nociva de questionar e menosprezar tudo o que está fora de nós, consiste em tentarmos analisar o que nós faríamos se estivéssemos na situação daqueles a quem tanto criticamos. Existem momentos em que existe uma única forma de agir, mesmo que ela não seja bem vista por quem assiste lá de fora do redemoinho. Porque ninguém tem nada a ver com a dor que só você e ninguém mais sentiu. Fácil ficar condenando, do alto do próprio conforto, o desconforto dolorido do outro.
E aquela história de “não estou nem aí para o que os outros pensam” pode dar certo muito bem na teoria, mas, na prática, não é bem assim que funciona. Infelizmente, acabamos nos importando, sim, com as opiniões alheias, principalmente das pessoas de quem gostamos, uma vez que dói sermos incompreendidos, dói quando menosprezam a nossa dor e determinam como devemos agir, bem quando estamos passando por tempestades colossais sobre nossas cabeças.
“A EMPATIA DÓI, POR ISSO É TÃO RARA.”
Quem não tiver a capacidade de se colocar no lugar do outro nunca conseguirá perceber que teria agido da mesma forma daquele que condena, caso estivesse naquela mesma situação. E, mesmo que se discorde do que se vê, a empatia nos torna mais sensíveis às dores alheias, evitando que se crucifique quem apenas precisa de compreensão, de ajuda, de acolhimento, de um abraço. A empatia dói, por isso é tão rara.
Seu amor sempre veio acompanhado com resquício de abandono, mas agora eu não preciso mais fazer aquele estardalhaço sobre você. Eu não precisei te matar das minhas lembranças, você foi sumindo de mim por conta própria cada vez que me deixou chorando sozinha. Chorei por tudo isso e pelo tudo que eu sabia que iria virar nada logo. Mas a única falência que mata é a dos órgãos, então pude sobreviver vendo o que nós tínhamos virando ruína.
Eu te pedi para me ouvir, subi em cima cadeira, segurei um megafone, usei fitas de LED enroladas pelo corpo, acenei, chamei pelo seu nome. Você disse que outro dia a gente conversava. Partes suas foram sumindo desde então. Tentei me convencer de que estava tudo bem, que só a sua presença me bastava. Era tudo coisa da minha cabeça. Talvez eu estivesse exagerando, ninguém consegue dar tanta atenção a um outro ser humano. Mas ninguém é tão ocupado, não é? Quando percebi isso, outro pedaço seu virou fumaça.
UM CASAL É FEITO DE DUAS PARTES, LUTANDO CONSTANTEMENTE PARA SER UMA.
Então, por que eu me sentia numa batalha de uma pessoa só? Te perdi dentro de mim e tentei te ganhar todos os dias. Antes mesmo de saber que eu nunca poderia ter alguém que nunca levantou uma bandeira por mim. Sempre foi tempo perdido e o pior é que mesmo que você já soubesse, me deixou continuar. Mais uma vez eu chorei, você já quase não existia.
Prometi a mim mesma que não me daria por vencida enquanto não tivesse a certeza que fiz tudo para retomar os laços. Te chamei, te liguei, fiquei parada na sua porta, toquei a campainha, pedi abrigo no seu peito. Sem resposta. Eu te vi virando história de cartão postal.
ENTÃO EU CHOREI.
Derramei litros de sonhos de um futuro que nunca iria acontecer. Tem algo desolador em desistir sem nem antes provar uma demo. Chorei porque eu quis tanto e tive tão pouco. Foi tão promissor no começo, você fez direitinho. Soube prometer tão bem quanto soube não cumprir. Mas é grandioso se render, aceitar que o barco não vai navegar nem com a maior das correntezas. E que tudo bem ser assim. Eu chorei por você. Você morreu pouco a pouco. Não existe mais.
"Luciana Abreu em entrevista, um relato emocionante e extraordinário de uma mulher cheia de força e garra. Luciana Abreu fala sobre a sua infância, carreira e sobre um dos momentos mais difíceis por que passou recentemente, com as duas filhas gêmeas que nasceram prematuras. Adorei sem dúvida a entrevista, uma Mulher com M bem grande, um guerreira que nunca deixou de acreditar nos seus sonhos.